sábado, 27 de março de 2010

Julgamento Nardoni, Farsa Involuntária na Justiça...

    Farsa é uma encenação, proposital ou não, para convencimento de um grupo de indivíduos sobre algo. Óbvio que um julgamento não é montado com o objetivo de condenar alguem... Mas se o for e não conseguir isenção por parte dos julgadores, será uma farsa...

    Um evento chama a atenção por sua diferença com os semelhantes... O caso Isabela teve diferenciais que o transformaram em algo extremamente raro, chamativo, ... Não teve testemunhas, duas pessoas envolvidas não confessaram e o motivo atribuído como causa é uma presunção baseada em deduções de comportamentos esparsos, reunidos para criar um motivo que justifique a ação do assassino...

    O advogado, como a maioria dos que assisti até hoje, foi medíocre... O anterior à ele na defesa do casal poderia ser até acionado por perda e danos... Como uma advogado alega publicamente que, se concluir pela culpa de seus clientes, sai do caso??? E sai do caso... Poderia alegar isto  como um fato a favor de seus clientes, SE não saísse realmente... Um advogado não está ali para defender inocentes... Está para defender clienteuma das partes de um caso jurídico qualquer... Isto possibilita a justiça... Se advogados só defendessem inocentes não poderiam haver julgamentos... Com seu procedimento criou um argumento à mais para penalizar quem deveria defender...

    Réus estão fragilizados em um julgamento... Não podem ser abandonados para agirem conforme sua experiência que, normalmente, não existe... Um advogado deveria sabe que seus clientes vão ter de depor, descrever o ocorrido e que discrepâncias nos depoimentos serão fatais na cabeça dos julgadores... Então, deveria
orientá-lo para que não houvessem discrepâncias importantes... Não se trata de falsear os depoimentos... Mas de evitar que, uma diferença de percepção no momento descrito pelos dois possa ser considerado como prova de mentira... Então, deveria ouvir deles a descrição do ocorrido até que ele não notasse diferenças que levassem à conclusões errôneas... Ele não fez isto... Já fui prejudicado por esta falta de cuidado no que vai ser dito...

    Quando o promotor usou o abandono dos réus pelo advogado anterior, como argumento para provar a culpa dos réus ele, o pretenso advogado de defesa, deveria solicitar a retirada da observação dos autos e desmoralizar o uso de um recurso de retórica... Deveria desqualificar tanto o uso do argumento como o procedimento do seu antecessor... E não o fez...

    Como não apareceu um terceiro na cena do crime, erradamente dito "impossível", cabia transformar os réus em monstros momentâneos, capazes de agredir, torturar e jogar um filho pela própria janela para se livrar dela, o que poderiam fazer de outras formas, bem mais fáceis e aceitáveis... O único jeito de apresentar um possível culpado foi demonizar os pais, desqualificá-los, transformá-los em monstros conscientes repentinos... Criaram uma versão na qual a filha foi agredida,  violentamente pela madrasta (estrangulada...) na presença do pai, que este após, ao invés de socorrer a filha à atirou ao chão criando ferimentos também graves e que, depois, para se livrarem da "prova", sem estarem drogado, de caso pensado, na presença da ré, buscou duas ferramentas cortantes, para garantir bom resultado na posterior tarefa planejada que seria cortar a tela de proteção e jogar a menina já politraumatizada e morrendo ou morta... Tais monstros foram criados para justificar um evento que não conseguiram explicar de outra forma... Já que não constataram a presença de outra pessoa, tinham de ser os pais culpados... Como se a polícia e perícia tivesse de buscar provas que justificassem a única teoria provável... Provas como a chave, fio de cabelo, não tinha a ver com o préconcebido pelos envolvidos nos levantamentos do caso daí não foram nem levadas à perícia posterior...

    Uma reconstituição feita em condições diferentes da ocorrência, fato observado por alguns na época, foi tida como uma "perfeição"... Porque não fazer à noite como foi o acontecido??? A única resposta aceitável me parece é que porque não teria a mesma visibilidade... A reconstituição  foi um espetáculo midiático planejado... O advogado não usou isto... Poderia desqualificar todo o procedimento de geração de provas contra seus clientes...

    Quando ficamos indiferentes ao sermos acusados de algo que não fizemos??? Quando somos frios, monstruosos, ou quando não fizemos o que nos acusam e temos certeza que isto ficará provado... Isto convenceria os jurados de que a aparente frieza demonstrada pelos réus é uma indicação de sua inocência... Mas ele não o fez...

    Reconhecer que o caso é difícil, que as chances de vitória são poucas e dispensar mais da metade das testemunhas é, no mínimo, esquisito... Deu a impressão que estava, na real, certo da vitória e dispensara as testemunhas para garantir um bom momento, apressar a sentença... Dispensou o zelador que se contradisse... Porque ele mudou de declaração??? Porque mudaria sua declaração??? Sem motivo, mudou de ideias, ... . Inaceitável... Não poderia ter sido pressionado por uma terceira pessoa na cena do crime, real assassino, tentando criar uma melhor condição de fuga...? Este sim, provável viciado, bandido, capaz de fazer o que foi atribuído aos pais da vítima... mas o advogado dispensou esta testemunha e tantas outras... Alegando tentar facilitar para os cansados jurados, apressar uma sentença ganhando vantagem com o apressamento...

    Ao frequentarem cursos superiores as pessoas são forçadas a desenvolver seu lado racional... Isto as faz perder parte do valor humano, a intuição, resultante de toda sua evolução... Para evitar isto, as faculdades introduzem atividades que incentivam o lado intuitivo, esportes por exemplo... Com a sobrecarga de atividades dos postulantes à cursos "superiores" isto acaba sendo negligenciado... Daí pessoas com grandes conhecimentos mas pouco intuitivas... Pouco emotivas... Reflexos diminuídos... Isto causa comportamentos aparentemente frios, diferentes da maioria da população que não passaram por este condicionamento involuntário...

    Quando não temos dúvida de nossa inocência ficamos tranquilos acabando por nos incriminar se as provas não forem tão claras...

    Lamentável, o julgamento mostrou falhas na justiça, na mídia, na defesa de réus e nas reações de multidões...

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