quarta-feira, 5 de maio de 2010

Catástrofes & Farsas

         Diariamente são noticiadas catástrofes... Notei algumas particularidades, a total dependência do cidadão moderno e seu crescente despreparo para enfrentá-las...

         A mídia tem mostrado as consequências de temporais, terremotos, vulcões, furacões pois isto traz muita audiência... Estas coberturas são definidas como prestação de serviço aparentemente justificando a existência de tantos órgãos de comunicação de massa... Pouco adiantam estes serviços... Os fenômenos são repetitivos e a prevenção deve ser bem antes de acontecerem...  Observei alguns detalhes em cada tipo destas calamidades tão destrutivas e, com uma mídia global, cada vez mais presentes no nosso dia a dia... Farsa pode ser definida como ilusão, mentira, burla, ... É aplicada através de uma representação onde participam elementos aparentemente antagónicos que tem por objectivo iludir grupos ou indivíduos de forma a controlar suas reacções e conseguir vantagens em função disto...

         Os locais mais prejudicados são as conhecidas áreas de risco... Quando as pessoas tinham de assumir seus prejuízos e não havia tanta disponibilidade de material para alvenaria estas áreas eram desertas... Hoje são ferramentas para obter recursos do governo... As calamidades são bons negócios... Ninguém impõe condições... Você vai receber ajuda mas não deveria ser para reconstruir no mesmo lugar e da mesma forma... Não se notícia isto pois não acontece... Ninguém confere o quanto das verbas de ajuda chegam às vítimas... Então... Grande oportunidade para corrupção de toda espécie...

             Enchentes... Em Porto Alegre chegaram a construir um muro para proteger a área central da cidade... Mas fazem muitas décadas que não ocorrem mais enchentes do tipo que causou sua construção... Porque não acontecem mais tais enchentes... Temos vilas nas ilhas onde não era possível viver justo pelas águas que anualmente as invadiam... Na calamitosa enchente em Sta Catarina, observei que as piores situações aconteciam justo ao rio Itajai... Com o google earth o comparei com o nosso Jacuí... Fiquei curioso com a facilidade com que os noticiários informavam sobre áreas "ilhadas"...
Rio Itajaí junto ao mar mostrando o porque de tantas vítimas ilhadas.
            O mordomo, à direita inferior desta imagem é o James... Um deskbot que me serve há muitos anos...
          Rios como estes se estendem de ponta a ponta de seus estados... Comunidades podem ser surpreendidas pois chuvas em lugares afastados delas causam inundações fatais, principalmente à noite... O Itajaí é um rio extremamente sinuoso, com povoados construídos mesmo na parte interna de suas dobras... Daí a facilidade em se ouvir sobre vítimas "ilhadas"... Em alguns casos, a dobra é interligada por rua que oferece um atalho ao rio, feitas quase ao seu nível e interligando partes do próprio... Grandes agrupamentos de casas construídas ao nível ou até abaixo às suas margens... As áreas de risco oferecem facilidades que levam à sua ocupação... O problema é que são ocupadas desprezando seus perigos... Construir até dentro dos rios é comum no Amazonas... MAS são palafitas... Elevadas alem do nível que o caudaloso rio pode chegar... Então o primeiro problema é ocupação das áreas de risco de forma inadequada...

          Observei que o Jacui tem várias barragens e o Itajaí não as tem... A partir da construção das primeiras barragens não voltaram a acontecer enchentes que levaram à construção do muro de Poa...  Na China foi construída enorme represa, não para gerar energia mas para acabar com as enchentes anuais que massacravam os chineses... Claro que a barragem é aproveitada para gerar energia...Então, barragens bem dimensionadas e correctamente gerenciadas resolvem estas calamidades...

           Óbvio que um rio como este tem um potencial hidrelétrico mui grande e barragens viabilizariam sua exploração na geração de energia e, principalmente, evitariam perdas anuais com enchentes... Porque o rio Jacuí tem tantas barragens e o Itajaí não tem nenhuma ? Constatei por email a prefeitura de Itajaí e alguns vereadores locais... Sem respostas... Possíveis farsas em andamento... Enchentes, decretação de calamidades, liberação de grandes verbas, ...  Segundo pesquisas,o percentual das verbas disponibilizadas para calamidades que são efectivamente aplicadas para socorrer as vítimas e recuperar perdas é inferior à 5 %... Portanto tem 95 % de desvios, corrupção fácil, lucrativa e segura...

          Deslizamentos...   Encostas de morros, ... Responsabilizando de quem construir ou permitir, os riscos podem ser amenizados com alguns cuidados... Em lugares de risco, NUNCA construir algo que possa esmagar ao ceder... Ou seja..., alvenaria... Casas de madeira, tipo colonial, formando uma "caixa"... SEM forro, com telhas de brasilite leves e, se possível cobertas com mantas asfálticas... Nas casas coloniais se ganha muito espaço e segurança com um forro correndo logo abaixo das telhas, sem espaço ... Caso existam pedras acima da construção, dependendo do  tamanho , não construir... Se forem pequenas e poucas, pode-se construir um obstáculo à elas... 

        A água dissolve a terra e tudo mais... Então, a que penetra no solo dissolve a terra e a faz ceder... Isto acontece mais ou menos por igual, do subsolo até a superfície... O terreno todo cede...Onde há uma estrada, logo abaixo dela, a água não penetra... No solo mais fundo a terra é dissolvida vinda de outras partes da superfície não impermeabilizada por pisos... Daí que a parte logo abaixo do piso, estrada, não cede ou o faz muito pouco...  Como o subsolo cede normal temos os desmoronamentos, deslizamentos... Isto pode ocorrer também com casas cujos pátios são em grande parte cobertos com pisos impermeáveis...  Uma solução possível seria deixar passagens para a água nos pisos, estradas... Simples furos...Isto faria o terreno todo ceder por igual, evitando os desmoronamentos...

   Claro que em encostas de morro o que resolve é construir barreiras de contenção...

  Terremotos... Ainda não tomei conhecimento de terremotos acontecendo em lugares inesperados... Mapas com a localização das fendas formadas pelas placas tectónicas indicam inclusive os terremotos que já aconteceram ali... Alem disto, fortes tremores são precedidos de menores avisando do perigo iminente... Existe um maior apego às posses do que à vida... Como no Haiti... A terra ainda tremia e começavam a reconstrução sobre a mesma fenda, mesmo tipo de material que tinha acabado de esmagar milhares... Inclusive usaram como abrigo para os sobreviventes, prédios de alvenaria que ainda não tinham caído...
      Em áreas de risco, sujeitas a terremotos, sobre ou próximo à fendas entre placas tectónicas, não deveriam ser habitadas... SE o fossem, pelo menos, não construíssem abrigos capazes de esmagara seus ocupantes... Construções verticais, verdadeiras armadilhas... Poucos morrem caindo em fendas de tremores... Morrem esmagados pelas construções inapropriadas que habitam... Construções ao nível do solo, estilo casas coloniais, verdadeiras caixas de madeira, não esmagam seus ocupantes, pelo contrário, os protegem... Alem do que, uma fenda se abrindo sob elas, as fazem entrarem parcialmente nas ditas, mantendo sua estrutura... Basta puxá-las de volta e ocupá-las novamente... Estruturas de alvenaria, MESMO aparentemente não abaladas, deixam de ser moradias seguras... Muito pode ter acontecido às estruturas que não aparecem nas perícias pós catástrofes... Mesmo nas favelas a quantidade de vítimas esmagadas por suas moradias é grande porque são de alvenaria... Usem qualquer material leve em construções tipo caixa e as vítimas serão drasticamente reduzidas... Lugares assim não são próprios para torres, pontes, elevadas, ...

        Paraísos turísticos como Copacabana são cercados de moradias em áreas de risco... Não estão ali porque o país não tem outros lugares para suas moradias... Estão ali para usufruírem  da natureza local sem custos, aproveitarem serviços públicos e ajudas de todo tipo, como "vítimas" da sociedade... Basta não serem oferecidos serviços públicos, apoio de qualquer espécie, para que estes lugares sejam esvaziados... Apoiar a ocupação destas áreas, fornecendo serviços e facilidades para seus ocupantes é a verdadeira causa das calamidades que assistimos diariamente...

        Previsão de tempo, monitoramento de tremores, deslizamentos não resolvem... Desocupação das áreas e não apoio de qualquer espécie à sua ocupação é a solução efectiva.

       

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