sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Hipnose

Há muita fantasia sobre hipnotismo. Como em outros campos do conhecimento, a exploração fantasiosa de uma característica da mente humana leva ao seu desuso por medo ou expectativa exagerada de seu real alcance.
Todos sabemos que funcionamos em dois níveis. Um profundo e desconhecido da maioria dos indivíduos (inconsciente) e outro no qual normalmente nos conhecemos (consciente). Certas partes de nosso cérebro são responsáveis pelas atividades conscientes e outras, em maior número (bem maior) pelas inconscientes.
A maior parte de nossas funções são controladas pelo inconsciente. Quando adormecemos, a atividade cerebral consciente se reduz a quase zero. Fisicamente, certas partes do cérebro tem sua irrigação sangüínea diminuída, desligando nossos circuitos de consciência. Adormecemos.
Quem já praticou a hipnose sabe que esta consiste em produzir nos paciente as condições normais de sono. Que a diferença entre uma pessoa dormindo e um paciente de hipnose é que este último adormeceu ouvindo a voz de alguém e sentindo sua presença. Portanto não vai acordar quando esta pessoa se relacionar com ela. Na prática o hipnotizador assume um contato direto com o inconsciente de outra pessoa, sem o filtro de sua consciência.
A partir daí surgem muitas fantasias. Tem pessoas que são sonâmbulas. São capazes de andar e fazer outras atividades enquanto inconscientes, dormindo. Outras são incapazes de realizar qualquer atividade física quando adormecidas (maioria).
Os pacientes da hipnose seguem a mesma linha. O que pode ser conseguido deles depende de suas predisposições naturais. Alguns não conseguem falar de forma inteligível...
O tempo necessário para hipnotizar (adormecer) uma pessoa também varia muito. Isto é uma das causas que torna o hipnotismo de difícil uso em clínicas médicas. As pessoas tem de adormecer! Isto exige ambiente, tempo, paciência. Habilidade! A hipnose rápida só existe em casos excepcionais. Bem determinados. Através de sugestão pós-hipnótica se pode provocar uma hipnose quase imediata em alguns pacientes... Durante uma sessão normal de hipnose o paciente recebe uma palavra chave que, quando ouvida deverá despertar nele o mesmo estado em que se encontra.
Alguns hipnotizadores de palco usavam a compressão das carótidas... Pressionando as veias que, passando pelo pescoço, vão irrigar o cérebro, o paciente adormece devido a diminuição forçada de sangue. Claro que isto é extremamente perigoso. Um pouco a mais de pressão e ... Ou um paciente já com problemas e ...
Alem disso existem as drogas, gases, etc., hipnóticos.
O processo de hipnose que usei é o seguinte:

- ficando em pé diante do paciente, comodamente sentado em um sofá, pedia para que este olhasse diretamente para meus olhos;
- após alguns instantes pedia que olhasse por sobre minha cabeça, o mais alto que pudesse;
- pedia, então, que a cada número falado por mim, ele fechasse e voltasse a abrir os olhos;
- começava a contagem, mais ou menos no ritmo de sua respiração;
- após algum tempo (extramente variável) o paciente só conseguia piscar levemente; os olhos já não conseguiam serem abertos normalmente (cansaço ocular);
- sem alterar o ritmo e o tom de voz aplicava sugestões de sono até sentir que o paciente estava dormindo profundamente;
- aplicava um teste de levitação do braço, sugestões no sentido que seu braço havia perdido o peso e flutuava como um balão; conforme a reação à estas sugestões tinha a medida exata do que seria possível conseguir ...;
- sempre no mesmo tom de voz e ritmo, intercalando sugestões de sono e relaxamento, podiam ser feitos os testes que foram objetivos da hipnose;
- o paciente recebia a sugestão de que iria acordar após o término de uma contagem; que se sentiria muito bem, disposto, etc.;
De todos, este me pareceu o melhor método... O mais seguro, mais eficiente, mais discreto ...
Os hipnotizadores sempre utilizaram pacientes já acostumados ao transe para facilitar o trabalho com novos "clientes"... Isto ajuda muito. É também muito explorado em palco.
Dependendo mais do paciente
do que do hipnotizador, muitos benefícios ao paciente ou experiências psíquicas podem ser efetivadas pela hipnose.
Deve ser lembrado que as coisas não são como parecem, na maioria das vezes. Parar uma dor por sugestão, por exemplo, parece uma coisa inocente... Mas não é. O cérebro pode ser instruído para ignorar uma dor mas, isto não elimina a causa da mesma ...
Certos sintomas quando eliminados por hipnose se "transferem" para órgãos mais vitais. O indivíduo pode ser levado a fazer coisas que estão no seu limite físico, o que a médio prazo deverá trazer problemas graves...
"Experiências" inocentes poderão trazer danos futuros... A experiência da levitação do braço, por exemplo... Se não for desfeita adequadamente, o paciente, meses ou anos mais tarde, poderá sentir dores, insensibilidade, ou outros reflexos das sugestões recebidas...
Um "retorno" ao passado poderá situar o paciente em um momento de crise e ... ele vai passar por tudo de novo... Com todas as conseqüências possíveis e talvez não acontecidas na época real do fato...
A dor é uma sensação, um reconhecimento por parte do cérebro de impulsos enviados por qualquer parte do corpo. Portanto, e é relativamente fácil, podemos suspender este "reconhecimento" por sugestão hipnótica.
Porque então a hipnose não é universalmente aplicada nas operações cirúrgica ???
Por que são usadas drogas perigosas, fazendo os pacientes sentirem-se mal sempre após cirurgias???
O motivo é escandalosamente simples: ele só seria aplicável à menos de 30% dos casos e mesmo assim, com resultados bastante variáveis para cada paciente.
Imaginem a situação de um médico, com um paciente acordando em meio à uma cirurgia, com várias ferramentas no seu interior, ... e ele tendo de fazer o paciente adormecer novamente ...
Um paciente de hipnose pode acordar a qualquer momento... A profundidade de seu sono e portanto os efeitos que podem ser obtidos variam muito...
Uma idéia que ocupe inteiramente nossa mente tende a se realizar... Por isto podemos fazer com que pessoas caiam, esqueçam seus nomes momentaneamente, não consigam separar suas mãos, ... , etc.
Por sugestões repetidas podemos fazer diversas experiências pré-sessão hipnótica, que ajudarão a classificar o tipo de paciente e tornarão mais rápida a hipnose completa...
A que mais usei foi a queda para trás:
- peça que a pessoa feche os olhos e se posicione por trás dela;
- com uma das mãos toque as costas do paciente;
- informe a ele que você vai ampará-lo rapidamente se ele cair para trás;
- peça que ele imagine o que sentiria se caísse para trás;
- informe a ele que o único motivo que ele não cai é sua mão que impede este movimento;
- que quando você retirar a mão ele cairá, sem opções ...;
- vá experimentando retirar a mão, sempre falando em queda, enchendo sua mente com queda, até que ele caia para trás;
Uma variante que usei com sucesso foi aproximar um imã (do tipo usado em alto-falantes) da tela de um televisor a cores, mostrando como ele "puxa" as cores, a imagem ... e sugerir que fará o mesmo com a pessoa; é o mesmo procedimento acima usando o imã no lugar do simples toque com a mão;
Usei a hipnose como ferramenta para testar conceitos sobre telepatia, memória inconsciente e outras pesquisas que envolviam o entendimento de nossas capacidades mentais.
Claro que se despertarmos a imaginação das pessoas com procedimentos fantasiosos poderemos ter resultados mais profundos mas, ... Não muito...
               Comente, pergunte, não fique com dúvidas...!!!







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